Estamos a viver tempos novos!
Envolve-nos um momento histórico inédito, assinalado pelo sofrimento, onde estamos chamadas a ser profetas de fé e de esperança. Não podemos ficar indiferentes perante o fenómeno dos refugiados que desembocam na Europa para fugir de uma guerra infinda, alimentada por interesses e ideologias.
Como cristãos, como vida consagrada e como carisma educativo não podemos cerrar os olhos, tapar os ouvidos ou fechar o coração, perante esta nova etapa da história na Europa.
Que o medo e a desconfiança não nos vençam! Não estamos sós nesta aventura de misericórdia que somos chamadas a abraçar! É uma questão de obediência, de caridade e de pobreza evangélicas! Temos o suporte e a confiança da fé: “tudo o que fizerdes a um destes pequeninos é a Mim que o fazeis!”
Acreditamos nisto? Se outros o fazem por pura dimensão humanitária, como não o havíamos de fazer a partir de uma fé incarnada no tempo que vivemos?
Recordámos e abrimo-nos ao forte apelo do Papa para acolher refugiados! Em comunhão com a Igreja, a nossa Madre Yvonne Reungoat reforçou este grito de quem pede socorro! Fê-lo pessoalmente no encontro realizado recentemente com todas as provinciais da Europa e Médio Oriente e através de uma carta endereçada a todo o Instituto. Pede que cada província e cada comunidade se mova, em comunhão com o Instituto, com a Igreja e em rede com outras instituições, no sentido de responder a esta emergência como uma prioridade da nossa missão, hoje.
Conhecemos a generosidade do nosso povo e como de imediato se mobilizaram várias Instituições, entre as quais a CIRP, criando uma Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) com programas de acolhimento e de ajuda.
Na nossa missão educativa é fundamental ter bem presente esta situação, procurando elucidar, motivar e envolver, de alguma forma, a comunidade educativa, para a colaboração possível e tão necessária, para que os refugiados destinados ao nosso país encontrem a dignidade a que têm direito.
Um coração aberto, um pouco de generosidade, alguma disponibilidade e abertura ao diálogo e ao trabalho em rede com outras instituições no terreno, são condições básicas para que o milagre aconteça e a salvação se realize.
No mês do Rosário que estamos para iniciar, confiemos este drama a Nossa Senhora! Ela, a Mãe sempre presente onde falta o vinho da vida e da alegria, dá-nos o mandato: “fazei o que Ele nos disser”!
A Senhora que, há quase cem anos, veio à Cova da Iria pedir aos pastorinhos oração e sacrifício pela paz no mundo, volte o seu olhar materno para estes povos despedaçados pela dor e toque os nossos corações, movendo-os à ousadia da misericórdia.
Seja esta a nossa gratidão por tantos mártires que neste contexto testemunham a fé em Jesus Cristo!
Ir. Maria das Dores Rodrigues (Provincial FMA)