São João Bosco, conhecido popularmente como Dom Bosco, nasceu a 16 de agosto de 1815, em Castelnuovo d’Asti, Itália (atualmente Castelnuovo Don Bosco). Órfão de pai aos dois anos, foi criado pela mãe, Margarida Occhiena, uma mulher de profunda fé e resiliência, que desde cedo lhe transmitiu valores cristãos e um amor especial pelos mais necessitados.
Desde pequeno, João Bosco demonstrou uma inteligência brilhante e uma grande sensibilidade para com os problemas dos jovens. Aos nove anos, teve um sonho profético, no qual viu um grupo de jovens desorientados e ouviu uma voz que lhe dizia para cuidar deles com amor e paciência. Este sonho marcou profundamente a sua vocação e tornou-se a bússola da sua missão de vida.
Durante a sua formação, Dom Bosco encontrou um diretor espiritual: São José Cafasso, um sacerdote piemontês conhecido pela sua dedicação aos presos e à formação de jovens seminaristas. Foi com a orientação de Dom Cafasso que Dom Bosco delineou o seu percurso vocacional, compreendendo que a sua missão seria junto dos jovens pobres e abandonados. A sua influência foi decisiva para o desenvolvimento da visão educativa e pastoral de Dom Bosco, que se tornaria um dos maiores pedagogos da Igreja.
Inspirado por este acompanhamento, Dom Bosco adotou como lema a frase “Da mihi animas, cetera tolle” (“Dá-me almas e fica com o resto”), refletindo a sua dedicação absoluta à salvação espiritual e ao crescimento humano dos jovens.
O Sistema Preventivo: A Revolução Educativa de Dom Bosco
No século XIX, a Itália atravessava um período de forte industrialização. Muitas crianças e jovens eram abandonados, explorados no trabalho e privados de oportunidades. Dom Bosco, movido pelo desejo de oferecer a estes jovens um futuro digno, fundou, em 1846, o Oratório de São Francisco de Sales, em Turim, um espaço onde os jovens encontravam acolhimento, formação profissional, apoio espiritual e oportunidades de lazer.
Foi nesse contexto que nasceu o Sistema Preventivo, um modelo educativo baseado na razão, religião e amabilidade. Este sistema promovia a criação de ambientes educativos onde os jovens se sentiam valorizados, amados e orientados para uma vida plena.
Ao contrário do modelo repressivo da época, Dom Bosco acreditava que a educação deve ser baseada no amor e na prevenção, e não no medo e na punição. Este método, inovador para o seu tempo, tornou-se referência mundial e continua a ser aplicado nas escolas salesianas em todo o mundo.
Canonização e o Título de Pai e Mestre da Juventude
A vida e missão de Dom Bosco teve um impacto tão profundo que o Papa Pio XI canonizou-o em 1934, reconhecendo-o como “Pai e Mestre da Juventude”. Este título reflete a sua dedicação incondicional à formação absoluta dos jovens, não apenas como educador, mas como guia espiritual e figura paterna.
A influência de Dom Bosco não se limita ao seu tempo. Em reconhecimento ao seu amor e compromisso com os jovens, foi declarado padroeiro das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), um sinal de que o seu carisma., inspirando milhões de jovens a abraçarem a esperança, a alegria e o compromisso cristão.
A sua frase “Da mihi animas, cetera tolle” (“Dai-me almas e ficai com o resto.”) continua a ser o pilar da espiritualidade salesiana, inspirando educadores e evangelizadores a dedicar-se inteiramente à formação integral dos jovens, independentemente dos sacrifícios que isso possa exigir.
A Família Salesiana: A Continuação do Sonho de Dom Bosco
Dom Bosco tinha plena consciência de que a sua missão não poderia ser realizada sozinho. Desde o início, contou com jovens, leigos, benfeitores e colaboradores, criando uma rede de pessoas comprometidas com a educação e evangelização da juventude.
Para garantir a continuidade da sua missão, Dom Bosco fundou, em 1859, a Sociedade de São Francisco de Sales (Salesianos de Dom Bosco – SDB), uma congregação religiosa masculina dedicada à formação e acompanhamento dos jovens, especialmente dos mais pobres.
Posteriormente, em 1872, juntamente com Santa Maria Domingas Mazzarello, fundou as Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), estendendo a missão salesiana à educação das meninas e jovens mulheres.
Hoje, a Família Salesiana cresceu e é composta por mais de 30 grupos religiosos e leigos, que partilham o mesmo carisma e missão.
Maria Auxiliadora: A Mãe e Guia da Missão Salesiana
A devoção a Maria Auxiliadora foi, sem dúvida, um dos pilares centrais da vida e missão de Dom Bosco. Ele afirmou repetidamente que Maria foi a grande inspiradora e protetora da sua obra, sendo responsável pelos frutos e crescimento da Família Salesiana. Dom Bosco quis expressar esta devoção através de dois monumentos: um de pedra e outro vivo.
O monumento foi lançado em 1868, com a pedra fundamental da Basílica de Maria Auxiliadora, em Turim, simbolizando a confiança e o amor de Dom Bosco pela Mãe de Jesus. No entanto, ele desejava dar a Maria mais do que uma simples casa de culto. Ao mesmo tempo que decorriam os trabalhos da Basílica, iniciaram-se em Mornese as fundações de outro edifício, um projeto modesto que, por uma estranha reviravolta do destino, se revelaria o alicerce do “monumento vivo”.
Para Dom Bosco, não se tratava apenas de construir um templo de mármore, mas de erigir um monumento que transcendesse os tempos. Assim, em 1872, nasce o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, cuja missão é clara: acolher as jovens, formá-las na fé e educá-las para a vida em nome e para a glória de Maria Auxiliadora.
“Dom Bosco deseja, por isso, além de oferecer à Auxiliadora um monumento de gratidão de mármore, oferecer-lhe um outro vivo. Um monumento que, no mundo inteiro, em nome e para a glória da Auxiliadora, acolha, para levá-los a Deus, jovens corações femininos, conservados na graça ou regenerados, para o bem das famílias e da sociedade.”
Cronistória, p.186
As Filhas de Maria Auxiliadora são, por isso, um sinal concreto e duradouro do amor de Dom Bosco por Maria Auxiliadora. A sua missão é clara: serem um monumento vivo, testemunhando o amor de Maria no mundo inteiro e servindo os jovens com o mesmo espírito de acolhimento, formação e evangelização. Cada escola, centro juvenil e missão salesiana das FMA espelha até hoje o mesmo desejo de Dom Bosco: uma casa de Maria onde os jovens são acolhidos, educados e guiados para Deus.
Dom Bosco afirmava repetidamente:
“Foi Ela quem tudo fez.”
Esta herança mariana está viva em todas as casas salesianas do mundo, onde a devoção mariana a Maria Auxiliadora se expressa na oração, na espiritualidade mariana e na confiança na sua intercessão. Com cada jovem recebida, educada e evangelizada, este monumento vivo de fé, de amor e de serviço a Maria continua a formar-se e o sonho de Dom Bosco mantém-se vivo.
Sucessores de Dom Bosco
Desde a morte de Dom Bosco, em 1888, vários Reitores-Mores deram continuidade à sua missão, adaptando a obra salesiana aos desafios de cada época:
Pe. Miguel Rua
Primeiro sucessor de Dom Bosco, consolidou a expansão da Família Salesiana pelo mundo.
1888-1910
Pe. Paulo Albera
Orientou a Congregação durante a Primeira Guerra Mundial.
1910-1921
Pe. Felipe Rinaldi
Fundador dos Salesianos Cooperadores e grande impulsionador da espiritualidade salesiana.
1922-1931
Pe. Pedro Ricaldone
Expandiu as escolas técnicas salesianas e acompanhou a missão durante a Segunda Guerra Mundial.
1932-1951
Pe. Renato Ziggiotti
Reitor-Mor na época do Concílio Vaticano II, promoveu a renovação salesiana.
1952-1965
Pe. Luís Ricceri
Acompanhou o crescimento da missão salesiana em novos continentes.
1965-1977
Pe. Egídio Viganò
Figura-chave na atualização da pedagogia salesiana e no fortalecimento da identidade da Família Salesiana.
1977-1995
Pe. Juan Edmundo Vecchi
Primeiro Reitor-Mor não italiano, reforçou o trabalho pastoral com os jovens. 1996-2002
Pe. Pascual Chávez Villanueva
Fomentou a evangelização e a educação como resposta aos desafios do mundo moderno.
2002-2014
Pe. Ángel Fernández Artime
10.º sucessor de Dom Bosco, destacou-se pela animação vocacional e pela resposta salesiana aos desafios sociais contemporâneos.
2014-2024
Pe. Fabio Attard
11.º sucessor de Dom Bosco. Nomeado Reitor-Mor no 29.º Capítulo Geral da Congregação Salesiana
Pe. Miguel Rua
Primeiro sucessor de Dom Bosco, consolidou a expansão da Família Salesiana pelo mundo.
1888-1910
Pe. Paulo Albera
Orientou a Congregação durante a Primeira Guerra Mundial.
1910-1921
Pe. Felipe Rinaldi
Fundador dos Salesianos Cooperadores e grande impulsionador da espiritualidade salesiana.
1922-1931
Pe. Pedro Ricaldone
Expandiu as escolas técnicas salesianas e acompanhou a missão durante a Segunda Guerra Mundial.
1932-1951
Pe. Renato Ziggiotti
Reitor-Mor na época do Concílio Vaticano II, promoveu a renovação salesiana.
1952-1965
Pe. Luís Ricceri
Acompanhou o crescimento da missão salesiana em novos continentes.
1965-1977
Pe. Egídio Viganò
Figura-chave na atualização da pedagogia salesiana e no fortalecimento da identidade da Família Salesiana.
1977-1995
Pe. Juan Edmundo Vecchi
Primeiro Reitor-Mor não italiano, reforçou o trabalho pastoral com os jovens. 1996-2002
Pe. Pascual Chávez Villanueva
Fomentou a evangelização e a educação como resposta aos desafios do mundo moderno.
2002-2014
Pe. Ángel Fernández Artime
10.º sucessor de Dom Bosco, destacou-se pela animação vocacional e pela resposta salesiana aos desafios sociais contemporâneos.
2014-2024
Pe. Fabio Attard
11.º sucessor de Dom Bosco. Nomeado Reitor-Mor no 29.º Capítulo Geral da Congregação Salesiana
Sinto que Dom Bosco, por meio do seu carisma e dos salesianos, me levou a Jesus. O facto de ter estudado numa escola salesina que, acima de tudo, era uma segunda casa, a proximidade que se sentia entre jovens e salesianos, o envolvimento na missão salesiana, fez crescer em mim o desejo ser como Dom Bosco, uma vida dada e gasta pelos jovens. Com o passar do tempo, a proximidade e carinho que sentia por Dom Bosco e pelo seu carisma levou-me, aos poucos, até Jesus. E não é esta a missão Salesiana? Ser sinal do Amor de Deus aos jovens para que O reconheçam e se sintam imensamente amados por Ele.
Na minha caminhada de fé, Dom Bosco foi um meio para chegar a Jesus. Entrei, por Dom Bosco, na vida salesiana e fiquei por Jesus.
Ir. Diana ArrobasFMA